IMAGEM E HISTÓRIA - RONALDO CUNHA LIMA: 50 ANOS DESDE A PRIMEIRA ELEIÇÃO

O jovem Ronaldo discursa na campanha de 1959, ao lado do candidato a prefeito Newton Rique

A imagem acima mostra Ronaldo José da Cunha Lima, aos 23 anos, discursando, ladeado por Newto
n Rique, então candidato a prefeito, em 1959, ano em que disputou sua primeira eleição. Com histórico de participação no outrora fervoroso movimento estudantil de Campina Grande, chegando a ser vice-presidente do aclamado Centro Estudantal Campinense, Ronaldo foi eleito naquele pleito de 1959, tornando-se vereador pelo PTB. Na eleição, realizada em 02 de agosto, recebeu 952 votos, terceira melhor votação naquele ano.

Três anos depois (1962), foi eleito deputado estadual, com 3.796 sufrágios, dos quais 2.057 oriundos de Campina Grande. Em 1964, sob o regime militar, acompanhou de perto o afastamento do prefeito Newton Rique, seu amigo, que, além de perder o mandato conquistado no ano anterior, teve os direitos políticos cassados por dez anos. Ronaldo talvez não imaginasse que, cinco anos depois, passaria pela mesma situação.

Em 15 de novembro de 1968, já pelo MDB, elegeu-se prefeito de Campina Grande. Pelo sistema vigente, cada partido lançava até três chapas, sendo eleito o candidato mais votado do partido cujas chapas, somadas, obtivessem maior votação total.

Os resultados do pleito explicam melhor a fórmula.

Ronaldo encabeçava a chapa 1 do MDB, e recebeu 13.429 votos. A chapa 2 do MDB, que tinha como candidato Osmar de A
raújo Aquino, teve 312 votos. Por fim, a chapa emedebista número 3, de Antônio Vital do Rêgo (pai do atual prefeito Veneziano), recebeu 8.415 sufrágios. Somando os resultados, o MDB totalizou 30.259 votos, superando os 18.444 recebidos pelas três chapas da Arena juntas (17.568 da Arena 1, encabeçada pelo ex-prefeito Severino Cabral; 635 da Arena 2, do também ex-prefeito Plínio Lemos – uma votação medíocre; 241 da Arena 3, de Stênio Lopes). Como Ronaldo foi o mais votado entre as chapas do vitorioso MDB, elegeu-se.

Cunha Lima assumiu em 31 de janeiro do ano seguinte e, menos de dois meses depois, em 14 de março, foi afastado pelo Ato Institucional Número 5 (AI-5), com direitos políticos cassados. Mudou-se, então, para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, onde exerceu a carreira de advogado.

Ronaldo abraça o amigo Newton Rique, eleito prefeito em 1963 e cassado pela ditadura militar

Em 1982, após a anistia, voltou a se candidatar à Prefeitura de Campina Grande, sendo mais uma vez eleito. A fórmula da eleição foi a mesma de 1968. Ronaldo encabeçou a chapa 1 do PMDB, atingindo 40.679 votos, números que representaram tamanha hegemonia que, ao contrário da eleição anterior, Ronaldo nem precisaria dos votos das demais chapas de sua legenda para se eleger. Ainda bem para ele, porque o PMDB 2, com Manoel Joaquim Barbosa, obteve apenas 65 sufrágios, e o PMDB 3, de Hermano, meros 12.

Antônio Vital do Rêgo, companheiro de legenda em 1968, agora encabeçando o PDS 1, recebeu 28.625 votos. O PDS 2, de Moisés Lyra Braga, obteve 2.067 sufrágios, e o PDS 3, com Geraldo de Magela Barros, 191 (total: 30.883).

Ronaldo Cunha Lima administrou Campina Grande de 1983 a 1989, sendo sucedido pelo filho, Cássio Cunha Lima. No ano seguinte entrou na disputa pelo Governo do Estado. Seu principal adversário foi o ex-governador Wilson Braga, do PDT
, que havia chefiado o executivo estadual de 1983 a 1986 e, naquele momento, era prefeito de João Pessoa, cargo a que renunciou para tentar voltar ao Palácio da Redenção.

Braga venceu o primeiro turno, por 498.763 votos a 462.562. Na Capital, o candidato do PDT teve maioria de pouco mais de 32 mil votos sobre Ronaldo que, por sua vez, obteve esmagadora maioria em Campina Grande, superior a 65 mil suf
rágios. No segundo turno, Cunha Lima reverteu a vantagem de Wilson Braga, vencendo com ampla vantagem: 704.375 sufrágios a 571.802 (diferença de mais de 132 mil votos).

No cenário das duas principais cidades do Estado, enquanto em João Pessoa a diferença pró-Braga caiu para menos de 24 mil sufrágios, em Campina Grande Ronaldo ampliou sua margem para q
uase 85 mil votos.

Go
vernou a Paraíba de 15 de março de 1991 a 02 de abril de 1994, quando renunciou, entregando o cargo ao vice, o atual senador Cícero Lucena, para concorrer ao Senado que, naquele ano, renovava-se em dois terços. Formou chapa com Humberto Lucena, também candidato a senador, e Antônio Mariz, candidato a governador. Dizia o jingle da campanha: “A Paraíba é quem diz – Ronaldo, Humberto e Mariz”. E o trio acabou eleito, Ronaldo com a maior votação para o cargo de senador, 517.832 sufrágios (ao lado, imagem de Ronaldo à época).

Em março
de 1998, Ronaldo rompeu com José Maranhão, que havia assumido o Governo do Estado com a morte de Antônio Mariz. O episódio que marcou o rompimento, que até hoje repercute na política paraibana, aconteceu em 21 de março daquele ano, quando, na comemoração de seu aniversário, Ronaldo fez um discurso atacando fortemente Maranhão, que estava presente ao evento do Clube Campestre, em Campina Grande. Após a confusão, Ronaldo Cunha Lima se lançou pré-candidato a governador, disputando a indicação do PMDB com o adversário. Perdeu as prévias e, até hoje, aliados garantem que José Maranhão teria trapaceado, inclusive comprando os votos de partidários – fatos nunca efetivamente comprovados.

Após o revés, Ronaldo e seu grupo político migraram para o PSDB. Em 2002, o filho, Cássio Cunha Lima, disputou o Governo do Estado. Para viabilizar uma aliança com o PFL, Ronaldo sedeu vaga para que os aliados (Efraim Morais e Wilson Braga) disputassem os cargos do Senado, enquanto ele
concorreu e se elegeu deputado federal, com 95.537 votos, a segunda maior votação do Estado, e a maior de Campina Grande (quase 41 mil sufrágios). Em 2006, fisicamente debilitado e quase sem fazer campanha, foi reeleito deputado, com 124.192 votos, a sétima no Estado – e terceira em Campina.

Em 31 de outubro de 2007, renunciou ao mandato, para não ser julgado no Supremo Tribunal Federal pelo atentado contra o ex-governador Tarcísio Burity, caso ocorrido em 05 de novembro de 1993, qua
ndo Ronaldo governava a Paraíba.

Além da política, Ronaldo Cunha Lima é um nome de destaque também na literatura, com vasta produção poética – por isso mesmo é chamado pelos seus de Poeta. No ano de 1988, o poeta-político venceu o programa “Sem Limites”, da Rede M
anchete, respondendo a perguntas sobre o poeta paraibano Augusto dos Anjos.

Hoje, fora (diretamente) das grandes disputas políticas, Ronaldo Cunha Lima opina nos caminhos do filho-herdeiro, Cássio, e, certamente, sonha em ver seu grupo político derrotando o adversário José Maranhão em 2010.

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