Quando faltam palavras...

(Há pouco mais de uma semana morreu meu amigo-irmão Salomão. Ainda não consigo acreditar, aceitar, compreender e nem ao menos me expressar de modo inteligível sobre isso. Espero podê-lo em breve. Por ora, republico o texto abaixo, tempos atrás postado aqui. O título, como expliquei na ocasião, descobri ser o mesmo de um texto de Drummond. Vai continuar o mesmo porque Drummond não é dono dos títulos, e também porque Salomão é o amigo que não precisei procurar. Saudades e dor, meu irmão Saló...)

PROCURA-SE UM AMIGO


Procura-se um amigo. Alguém com quem dividir a vida, em todos os seus momentos. Alguém para alegrar as tardes chatas de domingo; alguém para ligar e somente perguntar se está tudo bem.

Alguém para visitar, contar aquela piada nova, rir um do outro, fazer surpresa no aniversário, pedir um CD emprestado, ir juntos à festa, à praia, ao dentista, à padaria, fazer fofoca, cantar as músicas que a gente adora, lembrar as coisas do passado, falar sobre a nova paixão, ficar até de madrugada conversando sem faltar assunto.

Aquele alguém que conhece nossos defeitos, mas mesmo assim adora ser nosso amigo! Pra quem se pode contar os segredos, perguntar o que acha que devemos fazer. Alguém em quem pensamos primeiro, tanto para compartilhar uma alegria, quanto para chorar uma tristeza.

Procura-se um amigo, porque poucos são os amigos de verdade. Porque a vida só é alegre quando se tem amigos. Porque tão importante quanto o amor do pai, da mãe, dos irmãos, do casamento, dos filhos, é o amor do amigo – e cada um tem seu lugar e seu espaço.

Ele pode torcer por outro time, ter opiniões diferentes, um temperamento completamente distinto... não importa. Basta que seja verdadeiro, autêntico, alguém cuja presença, mesmo silenciosa, faze-nos sentir muito bem; e alguém para nos matar de saudade quando estamos longe.

Procura-se um amigo. Aquele sujeito que é, ao mesmo tempo, tão diferente e tão igual a gente. Aquela figura que talvez mal lembremos como entrou em nossas vidas, e que agora nos são tão importantes, tão queridos, tão imprescindíveis...

Alguém para comprar nossas brigas: “mexeu com meu amigo, mexeu comigo!”. Alguém que, quando preciso, nos diz sem rodeios: “você está errado!”. Alguém com quem brigar de manhã e fazer as pazes à tarde, sem necessidade de dizer qualquer palavra. Alguém para chamar de apelidos que ninguém mais entende.

Amigo, aquela pessoa cuja alegria nos faz sorrir, e cuja tristeza nos faz chorar. Porque assim é a vida: lembranças, vontades, risos, lágrimas... e cada uma dessas circunstâncias pede um amigo.

Procura-se um amigo. Precisa-se de um amigo. Irmão de coração. Companheiro de caminho. Amigo de fé, irmão, camarada. Amigo eterno, amigo inseparável, amigo insubstituível. Para sempre. Procura-se um amigo. Mas não serve qualquer um. Tem que ser alguém assim, igualzinho a você. Meu amigo.

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