CORRER ATRÁS DO VENTO


De que vale sonhar, lutar, correr
Fadigar todo o corpo na labuta
E pensar poder ganhar a luta
Superar o destino do viver?
Tudo quando o caminho é perecer
E o que se tem é apenas o momento
Seja a alegria ou seja o tormento
Do final não se fugirá jamais
O viver humano não é mais
Do que apenas correr atrás do vento.

Seja o homem aquilo que ele for
Vencedor ou um pobre derrotado
Milionário, um mendigo, um fracassado
Alegre ou triste, felizardo ou sofredor
Para ambos o destino é aterrador
E tal certeza não lhes sai do pensamento
A saída é fingir um esquecimento
Pra que a loucura não o tome, voraz
O viver humano não é mais
Do que apenas correr atrás do vento.

É tão frágil a existência humana
Não se pode prever um só instante
em uma curva, um minuto, um passo a diante
Lá está a morte de campana
E ainda há tanta gente que se engana
Com arrogância e auto-contentamento
Quando tem sobre si o testamento:
"Tu és pó, e ao pó voltarás."
O viver humano não é mais
Do que apenas correr atrás do vento.

Vive o pobre numa pindaíba danada
Vive o rico com toda a boa sorte
Mas num breve momento chega a morte
E para o túmulo ninguém vai levar nada
Então, pra que uma vida tão suada?
Apenas para um curto contentamento
Pois coisa alguma impedirá o advento
Do triste fim, certeiro e impertinaz
O viver humano não é mais
Do que apenas correr atrás do vento.

Lenildo Ferreira

1 Comentários

é verdade... vaidade de vaidades, tudo é vaidade, diz o pregador.
gostei do poema.
postei algo parecido, de autoria de Pascal, confere lá depois.
abraço.